História

Mais de vinte e cinco anos a voar

A meados da década de 70 foi publicado uma notícia no DN, apelando para os entusiastas da actividade aeronáutica ou que sonhavam em poder voar nos nossos céus, a efectuar a sua inscrição com vista à formação de um aeroclube, devendo contactar, para o efeito, com o senhor Zino num
escritório da rua da Alfândega. Que me recorde, esta foi a primeira semente lançada à terra, que não vingou. Posteriormente, mais precisamente a 9 de Maio de 1976, fruto de uma “ideia maluca” de um ex-mecânico da Força Aérea e professor da Escola Gonçalves Zarco, João Manuel Farinha, que foi correspondida pelo então responsável pela Força Aérea, General Lemos Ferreira e apoiada pelas entidades que tutelavam a educação nesta região, desembarca, de um avião de transporte da nossa Força Aérea no Aeroporto do Funchal, uma aeronave Dornier 27 e posteriormente um motor de T6 e
uma turbina, tudo cedido àquela escola para fins didácticos. Este equipamento de voo foi montado no antigo “Batalhão”, onde durante algum tempo deliciou alguns dos alunos dessa escola, que ainda se devem lembrar “daqueles voos” imaginários realizados aos comandos deste avião.
Por esta altura era Ministro da Republica o General Lino Miguel, Piloto-Aviador da Força Aérea, e sabendo da existência desta aeronave que estava inicialmente em boas condições de voo, lançou o repto a João Farinha para a formação de um aeroclube, sendo este processo então conduzido pelo Tenente-Piloto Cruz Dias, seu adjunto e delegado da RTP-Madeira, que conjuntamente com outros entusiastas iniciaram a angariação de sócios em 1978. Esta foi a semente que germinou o Aeroclube da Madeira Outro adjunto do General Lino Miguel, o Tenente Gonçalves, deu continuidade a esta iniciativa que culminou na constituição legal do clube a 14 de Fevereiro de 1980, por escritura pública subscrita por uma comissão constituída por um conjunto de individualidades de diversas áreas da sociedade madeirense. De acordo com os seus objectivos estatutários que consistiam na divulgação e prática da actividade aeronáutica e para-aeronáutica, iniciou-se então a actividade desportiva e de lazer com cursos de construção e treino com aeromodelos de voo circular e um curso e prática de Parasailing de descida livre para a água, modalidade esta, derivada das técnicas de treino efectuadas por pilotos militares, caso se ejectassem das suas aeronaves. Realizaram-se também diversas demonstrações e exposições destas actividades.
 
Por volta do ano de 1982, com a vinda do Tenente-Coronel Piloto-Aviador Jorge Gouveia para adjunto do Ministro da República, que continuava a apadrinhar este aeroclube, iniciou-se um novo ciclo de consolidação e de desenvolvimento. Este nosso conterrâneo reuniu os sócios, incluindo aqueles inscritos em 1978 que até aí não tinham sido inseridos no início da actividade do clube e organizou o processo eleitoral onde foi eleito Presidente da Direcção, cargo que desempenhou por sucessivos mandatos até 1995. Criou as condições e apoios para a construção da actual sede, espaço onde estava guardado o avião DO27 acima referido. Estusiasticamente, apoiou e procurou apoios para todas as iniciativas que lhe eram propostas, que deram os frutos que constituem a actual realidade de voo e desportiva do Aeroclube da Madeira. De salientar o apoio continuado do Governo Regional, autarquias e outras entidades oficiais e privadas e o trabalho de alguns sócios que foram determinantes nas diversas fases de desenvolvimento do clube. As modalidades já em prática, o Aeromodelismo e o Parasailing tiveram novo incremento. Em 1984 foi introduzido a Asa-Delta, modalidade que concedeu ao clube representações em campeonatos nacionais e mundiais, em 1990 o Parapente e em 1992 a Pilotagem de aviões com a realização do 1º curso em parceria com o Aeroclube de Torres Vedras. Os pilotos madeirenses passaram a ter a possibilidade de voar nos céus da nossa região a partir de 1995, aquando da vinda do Cessna FTB 337 e depois do Chipmunk cedidos pela nossa Força Aérea. No
âmbito do modelismo acolheu a modalidade de Automodelismo que também tem proporcionado resultados competitivos de projecção internacional
 
Hoje, o Aeroclube da Madeira tem recursos humano, dois aviões para instrução básica e treino de proficiência de voo que permitem cursos de pilotagem, e também outros equipamentos e estruturas logísticas para a sua actividade de voo e desportiva, seja federada, de lazer ou turística para as diversas modalidades, possibilitando aos madeirense ultrapassarem o sonho de aprender a pilotar e voar.
 
Jorge Bazenga Jardim